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Dor do crescimento: como diferenciá-la?

Ortopedista pediátrico explica algumas características para ajudar os pais em busca do bem-estar dos filhos

Em um primeiro momento é importante destacar o que é a dor do crescimento. Apesar deste nome não é exatamente o crescimento que dói, como destaca o Dr. Bruno Massa, ortopedista pediátrico. “A dor do crescimento se manifesta no osso que está se desenvolvendo e o que se sabe é que ela acontece com mais frequência à noite. Sem causa específica, o diagnóstico é feito por exclusão”. Leia mais

O que é a “Dor do Crescimento”?

A dor do crescimento é a dor que acomete geralmente crianças de 3 a 12 anos, principalmente nas pernas, de forma simétrica, em episódios que costumam acontecer no final da tarde ou à noite e que, principalmente, não tem nenhuma alteração nos exames físico e radiográfico.

O termo “Dor do Crescimento” foi descrito há muitos anos e, desde então, é empregado para descrever essa dor de causa desconhecida. Por muitos anos, acreditava-se que a dor era causada pelo esqueleto em crescimento, porém nenhum estudo conseguiu comprovar essa teoria. Pelo contrário, a idade de maior prevalência da dor não é a de maior crescimento: a dor tende a desaparecer na adolescência quando há o estirão de crescimento.

Estudos mais recentes trouxeram maiores informações e indicaram uma nova abordagem para esses pacientes.

Dor do Crescimento existe?

Sintomas
Dor, principalmente nas pernas, com intensidade variável. Algumas crianças têm quadros mais intensos, chegando a chorar e acordar devido à dor, mas na maioria das vezes, ela se apresenta de forma leve a moderada.

Ocorre sempre no final da tarde ou à noite.

Na maioria dos casos, a dor aparece em ambos os membros, mas pode ocorrer em apenas um. A ocorrência é variável e raramente é diária.

Diagnóstico
O diagnóstico é clinico. O exame físico e radiográfico em geral é normal e a história clinica é característica.

Normalmente a dor está relacionada a situação de estresse muscular e ósseo em crianças muito ativas, porém novos estudos mostraram uma associação grande da dor do crescimento com a deficiência de vitamina D e a síndrome das pernas inquietas.

Deficiência de vitamina D
Essa condição de deficiência de Vitamina D, cada vez mais encontrada tanto em crianças quanto em adultos, está presente em cerca de 86% das crianças com dores do crescimento. A reposição da vitamina melhora os sintomas e diminui a ocorrência da dor nesses casos.

Síndrome das pernas inquietas
A síndrome das pernas inquietas é uma condição neurológica, encontrada também na faixa pediátrica, que se caracteriza pela agitação motora involuntária dos membros inferiores, mais intensamente à noite, causando distúrbios no sono e podendo gerar quadros dolorosos, similares ao da dor do crescimento.

Tratamento
A dor, em geral, melhora sem a necessidade de medicação analgésica. Apenas cerca de 20% das crianças necessitam de medicação. A atenção dos pais, associada a massagem ou medidas locais (pomadas, gelo, bolsa de água quente) é suficiente para aliviar os sintomas e permitir o sono da criança. Se a criança permanecer com dor no dia seguinte, é fundamental a avaliação médica, uma vez que esse comportamento não é condizente com a dor do crescimento.

A reposição de vitamina D deve ser realizada nos casos em que há deficiência da mesma. Quando diagnosticada a síndrome das pernas inquietas, essa deve ser tratada adequadamente para a melhora do quadro.

Mensagens finais
A dor do crescimento é uma condição muito comum. Na maioria dos casos, não necessita de nenhum tratamento especifico e tende a melhorar na adolescência.

Devem ser investigados fatores associados, como a deficiência de vitamina D e a síndrome das pernas inquietas. Na presença dessas condições, o tratamento da dor é associado ao tratamento destes fatores.

Dores muito intensas, que ocorrem ou persistem durante o dia, em especial pela manhã, não são características da dor do crescimento e devem ser investigadas pelo pediatra ou pelo ortopedista.